quarta-feira, 21 de abril de 2010

A Velhinha


A Velhinha
“Hoje acordei com uma sensação gozada!
Me sentindo uma velha, mas que absurdo!
Não tornarei a repetir tal palavra no auge da juventude...
Como velha que me senti comecei a refletir sobre essa sensação nova e o pior: Comecei a planejar. Planejar o dia seguinte, a outra semana, o melhor horário pra cada atividade, os gastos financeiras... - Chega velha, vai embora! Me deixa fazer o que quero, na hora que quero, aquela gostosa inconseqüência acompanhada do sorriso espontânea, sabe?
Então fui tomar um banho, até aí tudo bem, esqueci temporariamente todos aqueles planos, datas, horários agendados. Escutava apenas o barulho do chuveiro e o eco que as gotas faziam ao cair no azulejo. Relaxei 15 minutos.
Ao retornar pro meu quarto senti indícios que a Velha estava voltando a me perseguir, pedi a mim mesmo para afastá-la e não deixar aquela louca fazer parte de mim.”
Não me recordo a data exata, mas não faz tanto tempo assim, prefiro não chutar, também não saberia descrever a cena com mais detalhes, até porque desse tempo pra cá se tornou decorrente e cada vez mais clara.
Admito, fiquei amiga dessa velha. Claro que não foram uma, nem duas vezes, que esqueci dos seus conselhos, assim como, em várias ocasiões tive que contê-la, explicar a ela do eterno processo de amadurecimento que é a vida, pois vocês sabem, a velha é exigente! Se a ignoramos ela se ausenta e se vivemos somente para ouvi-la nos tornamos ela própria. Apesar de a velha estar correta em suas teorias, ao longo do tempo percebemos que mostrar estar “certo” em muitos casos, não é o mais importante. Entendi a importância da velha em minha vida, não apenar para organizar os planos mas também como uma representação da velha consciência.
Hoje lembrando da cena que citei logo no início do texto, percebo que ela já estava lá, a Velha consciência, há muito tempo “metendo o bedelho” nos meus assuntos particulares, eu que não a percebia e não queria ouvi-la também.
Não me tornei a velha, pois acredito que todo exagero tende ao engano. Mas seria alienação ignorar totalmente a consciência, mesmo querendo ser diferente, mesmo idealizando a originalidade nas ações... A velha, também denominada consciência é muito sábia, muitas vezes exige demais, quer a perfeição em tudo e pode se tornar complicado nos adaptar a ela. Ninguém disse que seria fácil...
A velhinha (sim, apelido carinhoso, depois que comecei a compreendê-la, “Velha” ficou meio agressivo) só quer nos ajudar! Mesmo tendendo ao exagero quando optamos por viver para ouvi-la, se realmente a tratarmos como uma amiga, uma velhinha sábia, ela será muito útil. E o melhor: Ela é nossa! Somos nós que a conhecemos e entendemos. Por isso mesmo, já antecipo: Não estou querendo definir a "consciência correta”, até porque ela varia tanto... Do mesmo jeito que as pessoas também.

5 comentários:

Cunha disse...

Legal o modo como tu abordou o tema amadurecimento, achei simpatissíssimo chamar a consciência de velhinha e genial a chamar apenas de velha enquanto ainda não a compreendemos. Todos nós temos uma maneira de encarar essa fase da vida, a transição da inconsequente adolescência para a regrada fase adulta não deve ser fácil para ninguém. Mas o que sabemos ao certo é que a velha está presente em todos, esperando ser entendida e chamada, respeitosamente, de velhinha.

Anônimo disse...

Eae Carol! Td certinho?
Curti o texto. De sua autoria?
Mantenha assim que virei mais vezes...
Bjo,
Gui

Carolina Tessmann disse...

Sim, são todos de minha autoria.

Anônimo disse...

Carol teus textos são muito bonitos mesmo . Gosto muito de conversar contigo meninas inteligentes são raras e as que escrevem são muito mais.
Gustavo

Lívia Gomes disse...

sempre escrevestes beem prima. adoreei o blog!

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