quarta-feira, 9 de março de 2011

Orgulho de ser Mulher



Mulher. Palavra bonita, não tão somente no dia internacionalmente comemorado!

Mulher é muita coisa pra caber numa palavrinha só. Mulher é poesia, é prosa, é verso, é gargalhada, é superação, é grito, choro, TPM, amor, gratidão, raiva, excitação.

Mulher não é somente um amontoado de hormônios num sistema biológico complexo, também não é somente um corpo, seja ele bonito ou não, não é só emoção a flor da pele (há mulheres "mais macho do que muito homem", como diria Ney Matogrosso!), existem mulheres que nem mulheres são... As meninas mulheres, as mulheres que se sentem como meninas.

Mulher não é muito amiga da lógica, embora faça esforço digno de admiração para alcançar a praticidade masculina. Vejam só, menstruar não soa como normal, nem no mundo contemporâneo, nem nos tempos das cavernas. Sangrar mensalmente assim! A troco de que¿ Não é normal, é comum. TPM então é novidade em argumento para defesa das moças em tribunais do mundo a fora. Num julgamento, a culpa da acusada é avaliada de forma diferente e até com alguma tolerância, se for comprovado que a mulher estava “naqueles dias” quando cometeu o crime. TPM não é normal, é comum. Um fato, um bônus desnecessário, uma mudança, mesmo que sutil, no comportamento feminino.

Mulher também é sonho. Sonha mesmo é acordada, concretiza suas metas com toda a habilidade interpessoal que somente um ser sensível e dotado de tato teria. Mulher sabe como tratar o ser humano. Enquanto o homem tem estrutura corporal mais forte, a mulher de verdade ganha na estratégia humana e leal. Não é a toa que a mulher vem conquistando, gradativamente, melhores postos de trabalho e não foi a Revolução Sexual a responsável por isso. Ela apenas abriu as portas. São as verdadeiras mulheres que mantém e expande, com muita elegância, essa brecha.

A mulher pode ser bela. Até a beleza podemos relativizar até certo ponto. Mas, não é boneca. Mulher se pinta como uma, cuida dos cabelos, faz as unhas, se arruma, coloca batom e adora um saltinho alto. Mas não é uma Barbie ou Susie, de fato. Nem nunca vai ser, nem de louça muito menos de corda. Mulher de verdade é isso e muito mais. Cabe ao homem entender, explorar, descobrir tantos recursos. Pros mais confiantes e astutos, nem manual precisa.
A valorização da mulher como tal, é uma novidade. Pelo ponto de vista histórica. Há 50 anos... Quem diria, meninas (e meninos)!

Mulher é graça, chamego, rebolado, descoberta e evolução. Mulher é mais que o sexo feminino em si, é uma conquista diária, se nasce menina e vira mulher, num processo de amadurecimento geral.
Mulher merece cada momento do dia dedicado a ela, pois por mais clichê que seja dia de mulher é todo dia! Ser mulher é um orgulho difícil de explicar, um desafio constante, um mar de águas calmas, agitadas e correntes marítimas diversas, uma bênção até pras mulheres e homens que não acreditam em Deus, um prazer, uma responsabilidade gratificante.

Mulheres.... Vocês, nós somos lindas! E não precisamos de um espelho pra isso, não somos apenas a confirmação dos outros, somos muito mais, somos um leque de possibilidade a serem, cuidadosamente, construídas. Podemos escolher nosso amor, mesmo sendo maioria, em proporção. Os números não explicam o amor que sentimos por nós mesmas. As dificuldades são muitas, mas nós que decidimos como encará-las. Somos fortes, resistentes, amáveis e corajosas. Somos mulheres livres pra sermos mais do que imaginamos, somos amigas, capazes e deliciosamente independentes, mesmo quando acompanhadas.

É muito bom ser mulher. Parabéns pelo nosso dia!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Apenas Lu, por favor!



O nome dela de verdade é Maria Luiza.
Maria Luiza era uma mulher magricela, tinha longos cabelos pretos, estudava para concurso público para nível médio e era apaixonada pelos livros. Maria Luíza não era feia, mas também não chamava atenção. Não era pobre, mas também não tinha condições financeiras de comprar seu próprio carro. Não tinha um namorado, mas sempre encontrava alguém pra suprir suas carências de mulher conformada. Ah, Maria Luíza não gostava muito de sorrir! E não era por falta de alegria, e sim, em virtude dos seus dentes não serem perfeitos como ela gostaria que fossem. Quando, raramente, saia, apenas fazia menção de quem ia sorrir. Nos momentos que se sentia confortável pra gargalhar em público, ela colocava a mão esquerda na frente da boca, enquanto, com a direita, colocava o cabelo preto e fino atrás da orelha.
Maria Luiza decidiu namorar, não por amor, mas porque no momento achou que era o melhor a ser feito. Seu namorado era humilde, trabalhador e tosco. Mas para ela, era o suficiente. Nas manhãs de domingo eles iam à Redenção. Enquanto o moço admirava os discos velhos, que eram vendidos na ferinha, e falava sobre bandas e músicas que mal conhecia, Maria Luiza se imaginava longe dali. Como se fosse outra pessoa. Ela queria sair correndo, mas acabava comprando um churros de doce de leite e concordando com as lorotas do homem. Afinal de contas, era o seu namorado. Ele também, nunca se incomodou com o jeito distante de Maria Luiza. Ele pensava “Isso é coisa de mulher!”. Às vezes ele chegava a desconfiar da fidelidade de Maria Luíza, mas era um momento raro e passageiro. Ele não a achava bonita, nem esperta pra isso. Maria Luíza era que nem ele e ponto.

...
Como aconteceu, em detalhes, só Deus sabe. Mas vi Maria Luiza esses dias e agora o nome dela mudou! Agora se chama Apenas Lu.
Lu cortou os cabelos pela altura dos ombros, pintou de loiro claro e corrigiu as falhas nos dentes. Aprendeu a usar salto alto e fino, anda rebolando e tá até um pouco gordinha. Na visão masculina, já me corrigiram, ela tá “gostosa”. Tá malhando e tomando uns suplementos verdes. Largou o namorado e ele ainda não descobriu o por quê. Lu se fez mulher que queria ser, ninguém diz que ela é a mesma magricela dos olhar perdido, dos velhos tempos. Tá até um pouco desbocada, aprendeu a falar palavrão, dançar pagode, mentir a idade e fazer charme. Anda fazendo sucesso com os “porradinhos” da academia, tem dois orkuts com a capacidade para amigos lotada, seu facebook e twitter são falsos, tamanha a fama da moça. Agora, não tão mais moça assim. Embora aparente mais nova do que nunca!
Lu fundou uma ONG para cuidar dos animais e diz, em alto e bom som, preferir os animais em vez das pessoas. Dá gargalhada do fato de ser mais notada depois que mudou a aparência, apesar da postura imponente e sensual até um certo ponto, de vez em quando, num segundo qualquer, ela perde o olhar.

-Oi Maria Luíza! –Cumprimentei.
-Apenas Lu.
-Sim, sim... Lu! Como tu tá guria¿ Quanto tempo! Nossa tu tá linda, tá diferente, vi tua irmã esses dias no centro...
-Estou bem! –Disse ela. Só isso. E saiu caminhando com sua bolsinha prata na mão e uma cerveja na outra. Era uma noite quente de sábado, tocava um sambinha de raiz numa casa de show qualquer e o lugar estava lotado.
Alguns anos se passaram, não descobri com o que apenas Lu trabalhava. De vez em quando a via numa página de relacionamento, conhecidos em comum comentavam que ela havia comprado um carro. Não era modelo popular, mas não me arrisco a lembrar o nome. Dizem que é da cor vermelha, sua preferida, desde quando se chamava Maria Luíza.

Fiquei sabendo que Apelas Lu continua loira, solteira, sorridente e com a mesma idade. Foi convidada para participar de um programa de uma TV local, sobre variedades e assuntos dedicados a mulher contemporânea. Como da vida ela nunca fugiu de entender, dizem que vai aceitar. Só não se sabe se foi convidada pela sua antiga paixão pelos livros ou pela beleza, fruto de tanto esforço ensaiado.
Fatos e boatos que lhe ensinaram a ser assim, surpreendentemente Apenas Lu!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Me Deixa?

Me acanha?
Me deixa ser.
Me pega.

Faz de conta que me entende.
Eu me faço, verdadeiramente, fazer sentido.
Pra ti.

Rima...
A mentira, não!
Com intenção de verdade.

Grita a alegria em silêncio, comigo.
Mas não chora muito.
Temo as lágrimas com ar de espanto.

Me deixa não estar só.
Que eu quero.
Me abraça, enquanto...

Mais um pouco.
Eu deixo
Tu não saber que também me deixa, de novo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os Garimpeiros

Os Garimpeiros
As jóias são realmente lindas, tanto as pequenas como as mais chamativas. Delicadas, exóticas, brilhantes, discretas. Todas elas nos chamam a atenção, desde que sejam verdadeiras. As imitações sempre carregam consigo aquele “ar de falsidade”, mesmo que muitas vezes sejamos apenas nós que saibamos sua real procedência.
Quando procuramos jóias, onde vamos? Na loja adequada, é claro. É lá que as belas se encontram, em vitrines de vidro blindadas, com anúncios discretos, pois o real brilho da peça ofusca qualquer tipo de propaganda.
Por sorte que as pessoas não são jóias, embora, muitas vezes nós carinhosamente apelidamos de “jóias” os irmãos e irmãs de jornada que, se tornam de alguma forma, especiais.
As pessoas já são deliciosamente mais complicadas do que as jóias. Não há fórmula para o ser humano, não existem duas pessoas completamente iguais, não há código que não mude. Na mais perfeita tentativa, temos o código genético e mesmo ele, está sendo descoberto com o passar dos anos, nada empiricamente definitivo. Estamos em constante transformação e não há estigma, preconceito, tradição ou estereótipo que refute isso. O fato aqui é que estamos nos transformando e que, embora desejássemos às vezes, não somos perfeitos e imutáveis como as jóias.
Um diamante bruto, no máximo. E jóia que se encontra na mina de diamantes, ainda! No fundo, cada um conhece a profundidade e o caminho do seu garimpo interior.
Ao nos relacionarmos, estamos entrando em uma aventura nova, que se renova a cada instante, escolhendo, quando podemos, as regras e os lugares a serem explorados. Colocamos nossa roupa adequada, um capacete para proteção e vamos em busca das nossas jóias, não no shopping, mas na mina ou no garimpo.
Descobrimos então, como uma surpresa repetida, que as pessoas não são jóias como as das vitrines blindadas! Elas não são perfeitas, são “brutas”, variadas, elas mudam e nem sempre brilham. E mais, somos nós que a atribuímos seu verdadeiro valor... Ficamos contentes! Depois pensamos um pouco mais e, num momento egoísta, nos entristecemos. Afinal de contas, terei que dar uma de garimpeiro para encontrar essa jóia? Não posso simplesmente ir à loja mais próxima?
É hora de entrar nas minas de ouro e diamante, se preparar e ir em busca das nossas preciosidades. De entrar nos garimpos escuros, com capacete e uma lanterninha na mão. A troca é trabalhosa e gratificante, somos nós, somente, que damos essa proporção. Deixar as minas abertas, com a devida vigilância, é igualmente importante.

...

“Desconfie dos homens de promessas fáceis.” (Cardeal Mazarin) .

“Renda-se como eu me rendi, mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento”. (Clarice Lispector).

“Por educação eu perdi minha vida.” (Arthur Rimbaud).

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

E você, já agradeceu ao seu Anjo ou "Anja" hoje?

Anjos da Terra
Dedicado a todos os "anjos" que estão por aí e que pouco notamos.

Uma morena da pele clara, lábios delicados e marcantes, olhos piedosos. Ela fala com um jeito manso, quando não está nos seus dias de desacordo com a Terra, é claro. Ela é doce e fala pouco. Gerando até desconfiança de quem não está acostumado a conviver com o silêncio. São muitas as qualidades, mas existe uma em especial: Não vejo a anja fazer fofoca. Nem nos encontros com os amigos, churrascos, passeios... Pra não dizer que nunca a vi praticando tal vício, de vez em quando, pra concordar com os anseios de confirmação dos outros, ela confirma. Mas só quando a pessoa necessita do seu posicionamento para se sentir melhor. É como se os assuntinhos fúteis não lhe incomodassem ou despertassem interesse. Minha anja também, nunca foi muito chegada em tecnologia. Apesar de ser um despautério viver “temporariamente no planeta” sem usar e-mail , quando ela se nega a aprender ou comete uma gafezinha virtual qualquer, é um gesto charmoso e delicado. Ninguém critica, ela pode. Lá de onde ela vem deve ser assim, pensamos nós. Ela tem a virtude de um anjo, mas vive conosco, disfarçada de mortal. Ela trabalha sem parar, equilibra a vida das pessoas que ama, das quais ela própria fez questão de unir. Como anja que é, carrega consigo luz divina, basta permanecer alguns minutos perto dela e já nos sentimos um pouco anjo também. Ah, ela também não sabe que é um anjo! Acha que está apenas cumprindo a sua missão de voluntária, amiga e mulher.